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Até ao ano de 2009 a Netflix dispunha de uma plataforma de computação em nuvem própria que utilizava para dar suporte a todo o tráfego decorrente dos serviços de streaming que eram requeridos por parte dos subescritores do serviço.

 

Depois de 2009 a Netflix decidiu fazer a migração da sua infraestrutura de multimédia em nuvem interna para a infraestrutura da Amazon Web Services, sendo que atualmente é esta plataforma que dá suporte a todos os serviços da Netflix. Cada vez que um utilizador entra no website, vê as recomendações sugeridas em termos de conteúdo por parte da plataforma ou assiste a um vídeo está a utilizar um serviço da AWS.

A fig. 1 ilustra o diagrama funcional da infraestrutura da Netflix, com a utilização expressa de serviços AWS.


 

A mudança de paradigma interno proporcionou:

  • Maior resiliência, redundância e tolerância a falhas;

  • Maior capacidade de foco em inovação do produto e qualidade de serviço, algo que não era possível de atingir fazendo a gestão de uma infraestrutura própria de computação em nuvem;

  • Capacidade de fornecer os recursos de Hardware adequados para lidar com aumentos imprevisíveis do número de subscritores do serviço. É de referir que a Netflix é uma plataforma para vários dispositivos o que introduz uma grande variabilidade em termos daquilo que são as perspetivas de penetração no mercado.

Toda a infraestrutura da Netflix assenta no serviço EC2 da Amazon e as principais copias do conteúdo multimédia são armazenadas no serviço S3 da mesma empresa. Mais de um Petabyte de informação estão armazenados na Amazon.

O EC2 da Amazon por sua vez tem um papel fulcral na definição do pipeline da Netflix. A Netflix recorre a várias instâncias EC2 que operam em ambiente Linux para fazer a codificação de vídeo em pipeline. A elasticidade oferecida por este serviço de computação em nuvem da Amazon permite escalar os recursos de forma muito rápida de modo a que exista uma adaptação perfeita entre os recursos de processamento utilizados para processar os títulos e a procura global por serviços de streaming de vídeo feita por parte dos subescritores da Netflix.

 

A cadeia de processamento de vídeo da Netflix não requer qualquer tipo de adaptação em termos de hardware para que possa ser implementada pelo serviço EC2 da Amazon. Tipicamente os processos mais longos são divididos em processos mais pequenos que são processados de forma paralela o que permite reduzir o atraso de ponta a ponta e os requerimentos em termos de armazenamento locais. Permite também alocação ótima dos processos pelas instâncias com base na sua disponibilidade de processamento em tempo real.

 

Além de que este critério de processamento permite tornar o sistema de multimédia em nuvem mais robusto, visto que se houver uma falha numa instância da EC2 à qual tenha sido atribuída uma tarefa apenas uma parte muito pequena do trabalho é afetada, sendo que essa tarefa pode, à posteriori, ser atribuída de forma dinâmica a outra instância EC2.

A fig. 2 ilustra a arquitetura da cadeia de processamento de vídeo implementada pela Netflix.

Através da análise da fig. 2 é possível perceber a metodologia geral que permite à Netflix garantir serviços de streaming de vídeo de grande qualidade de forma rápida e eficiente. Do ponto de vista processual tudo se inicia com a inspeção das frames de vídeo originais produzidas pela própria Netflix ou por parceiros comerciais. É um passo importante pois só garantindo a qualidade do conteúdo original se pode fazer a melhor codificação. Em seguida são definidos vários perfis de codificação, com diferentes representações de qualidade por perfil.

 

Por fim os vídeos codificados são empacotados e encaminhados através de uma rede de distribuição para streaming. Durante a sessão de streaming o dispositivo do subescritor requisita os encodes que permitem fazer a reprodução do conteúdo multimédia e alterna de forma adaptativa entre vários níveis de qualidade. Essa adaptabilidade será estudada na subsecção seguinte do artigo e é essencial para garantir que o subescritor tenha sempre a melhor qualidade possível em termos de conteúdo, tendo em conta que a Netflix não tem qualquer controlo sobre os ritmos de transmissão que são proporcionados pela rede aos seus clientes.           

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